domingo, 7 de março de 2010

Tristan und Isolde - Gran Teatre del Liceu - Barcelona - 20 Fevereiro 2010




Um Tristão e Isolda sem sal em Barcelona.

A encenação, da qual já havia visto imagens no site do Liceu e me parecia algo diferente do habitual, deixando-me com curiosidade, penso que foi um ponto fraco e que em nada ajudou no viver desta récita. Parecia mais uma encenação para o Hansel und Gretel do que propriamente para um Tristão e Isolda. Muito infantilizado em termos de cores, arquitectura, etc, ao contrário do tema da ópera que até é bastante sério. Tudo muito curvilíneo (com graça até muito Gaudiano...).

Em relação ao publico, muito mau. Sebastian Weigle teve de começar a ópera 2 vezes porque alguém se esqueceu de desligar o telemóvel... muita tosse (no solo de oboé do início do 3º acto devem ter tossido 50 vezes, sem exagero), muitos shsss!!! Muitas vozes em surdina... Muitas "damas" com pulseiras de argolas que chocalham ao mínimo movimento... horrível!! Não foi pior que em Sevilha mas esteve quase lá. Aqui não tivemos nenhuma mulher a descalçar frequentemente um sapato de salto alto e a batê-lo no chão... mas esteve lá quase.



Em relação aos cantores:

Deborah Voigt não enche as minhas medidas como Isolda. Não sei explicar mas a expressão mais popular do "não tem sal" é o que me vem à cabeça. Não gostei simplesmente e acho que isso me impediu, juntamente com a encenação e arredores de disfrutar da ópera.

Peter Seiffert finalmente largou o tradicional bigode espesso que lhe dava um ar muito antiquado. Esteve vocalmente muito bem. Boa dicção, agudos fortes sobre a orquestra, cenicamente credível.

Bo Skovhus, que havia feito um Sixtus Beckmesser bastante bom nos Mestres do ano passado também em Barcelona, estragou um pouco a interpretação com um excesso de maneirismos cénicos que não eram muito apropriados. Não foi como Michael Volle no Tristão em Londres (que recebeu até um prémio por essa actuação...). Todo ele parecia um fantoche e a dicção muito fraca na maioria das passagens (não sei alemão com perfeição mas conheço o que vão dizendo...).

O grande peso pesado foi o rei Marke de Kwanchoul Youn. Este coreano é um baixo à baixo. Soberbo no Lohengrin de Londres (apesar do défice de encenação), soberbo como Fiesco no Simão em Berlim e agora um Marke vocalmente marcante. Gostei mais no 2º acto. No 3º muito estático e pouco sentimento na voz mas mesmo assim, superando muitos dos pontos fracos que vivi ao longo da ópera.

A orquestra e Sebastien Weigle estiveram bem, como esperava encontrar depois da produção do ano passado, sem desilusões neste ponto.

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