sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Turandot de Giacomo Puccini, Royal Opera House Live Cinema


Em nome dos "Fanáticos da Ópera" o nosso renovado agradecimento a . Lucas Andrade de Florianópolis (https://www.facebook.com/lucasandradesilva) por mais um texto que enriquece este espaço.

Retornando pela décima quinta vez em quase trinta anos, a montagem de Andrei Serbin para a Turandot de Puccini no Royal Opera House é uma das favoritas do público da casa e tem em sua versão 2013-14 um casal principal digno de nota!

A história da fria princesa que busca refúgio de seus pretendentes através de três difíceis enigmas que decidirão o destino do desafiante não foi completada por Puccini, pois faleceu antes de escrever as páginas finais. Alguns consideram-na a última grande peça do repertório operístico mundial e tem como destaques a ambienção oriental tão cara ao compositor, os dificílimos papéis principais e a orquestração rica e colorida.

(Fotografias de Tristan Kenton)

A montagem apresentada coloca o conceito de uma peça dentro de outra, onde os eventos são acompanhados pelo coro/público. Os figurinos coloridos contrastam com as ambientações escuras e se não têm a opulência e riqueza de detalhes das famosas montagens do Met, casam muito bem com a proposta teatral oferecida.

No aspecto vocal, Raymond Aceto foi um Timur envolvido e vocalmente correto. Sendo o baixo titular da casa, nunca foi um de meus favoritos. Não compromete, mas ainda carece de brilho na maioria dos papéis. Nesta produção, entretanto, foi acima de seu próprio padrão, o timbre caiu bem ao personagem e sua presença como ator foi bem sentida.


Eri Nakamura, soprano japonesa, foi uma Liu delicada e de grande qualidade vocal. Felizmente, não foi a estrela da noite como usualmente acontece em tantas Turandots.

A estrela foi, como deveria sempre ser, a princesa Turandot. A soprano americana Lisa Lindstrom, cantando o papel pela exata centésima vez na noite de transmissão do evento, conquistou o público no primeiro instante em que abriu a boca. Potente, determinada, com a frieza que a personagem exige, foi precisa em todas as notas e venceu a orquestra em todos os fortíssimos exigidos. Provou ser a dona deste papel na atualidade.



Seu parceiro, Calaf, foi interpretado pelo italiano Marco Berti. Dono de uma voz muito potente e agudos muito naturais, chegou a lembrar Pavarotti nestes quesitos, além do timbre. Nas notas graves perdeu brilho algumas vezes, e cenicamente foi completamente estático! Contudo, sempre somos tolerantes com este papel que tanto exige do tenor. Queremos um Calaf que nos impressione vocalmente e isto Berti conseguiu com extrema facilidade. Não se ouve um duelo na cena dos enigmas com tanta segurança entre os protagonistas hoje em dia!



Ping, Pang e Pong estiveram bem integrados em suas coreografias e partes vocais. Poderiam ter sido até um pouco mais soltos no palco, já que são o escape emocional da obra. Foram simpáticos, sem dúvida, entretanto gostaria de uma pitada a mais de humor que sempre cai bem em meio ao clima sombrio da ópera.

A orquestra do Royal Opera House foi espetacular sob a regência do húngaro Henrik Nanasi. Alguns tempos um pouco lentos no primeiro ato tiraram parte da selvageria da orquestração, mas o jovem maestro soube explorar a riqueza dos timbres, ritmos e dissonâncias da partitura mais rica de Puccini. É um nome a se acompanhar.

3 comentários:

  1. Tenho pena que as transmissões da ROH sejam a meio da semana, impossibilitando-me na prática de assistir.

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  2. Caro Lucas,
    Muito obrigado pelo seu texto e relato da récita da Turandot na ROH.
    Esta ópera de Puccini é realmente grandiosa. Que bom que o duo principal esteve à altura: muitas vezes, como diz, a Liu acaba por estar bem melhor do que Turandot, o que "estraga" a monumentalidade que a ópera exige. Marco Berti tem, de facto, uma excelente voz e peca como actor: uma pena porque, nos dias que correm, a ópera é cada vez mais vivida e sentida. Acho que não se deve descurar essa parte, muito embora, evidentemente, prefira a correcção vocal e uma interpretação cénica mais estática, do que o contrário.
    Cumprimentos e obrigado

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  3. Caro Fanático,
    o seu blog é de visita obrigatória!
    Esta crônica nos remete à obra e nos enriquece culturalmente. Como é difícil perceber música de alto nível! Parabéns e um grande abraço do Brasil

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