sábado, 14 de maio de 2016

GIANNI SCHICCHI, Royal Opera House, Londres, Fevereiro de 2016 /February 2016



A ópera Gianni Schicchi  de G. Puccini concluiu Il Trittico. Foi mais uma encenação fabulosa de Richard Jones para uma ópera que também não conto entre as minhas favoritas. Mas numa produção como esta, é absolutamente irresistível. De entre as óperas cómicas que já vi esta encenação foi, talvez, a mais bem conseguida. Mais uma vez, tudo o que está em palco é faz sentido e é engraçado. O guarda-roupa é também engraçadíssimo.


A casa do abastado e moribundo Buoso Donati está revestida de papel de parede florido e está mobilada num estilo “latino” e desarrumado. A sua numerosa família aguarda a morte que acontece logo no início. A encenação é muito bem conseguida e os momentos de comicidade sucedem-se continuamente, sem nunca resvalar para o gratuito nem para o ordinário. São muitas as situações verdadeiramente hilariantes, como a procura do testamento, a visita do médico, o relato do novo testamento, o comportamento das crianças e reacção dos pais e a postura de Gianni Schicchi.


Lucio Gallo, barítono italiano, foi um Gianni Schicchi muito engraçado, fazendo justiça à personagem. A voz foi sempre bem audível, esteve afinado e conseguiu imprimir a comicidade e astúcia que o papel exige. Foi o melhor em cena.



Rinuccio foi interpretado pelo tenor italiano Paolo Fanale. Esteve bem cenicamente, mas a voz é pequena e, em comparação com os colegas, a diferença foi marcada. Frequentemente deixou-se abafar pela orquestra e quando se ouvia, era sempre em esforço nas notas mais agudas, que saiam sem brilho.


Lauretta foi interpretada pela soprano inglesa Susanna Hurrell. A voz é bonita mas idêntica a tantas outras. Cantou bem a aria O mio babbino caro, uma das mais belas escritas por Puccini e pouco mais fez, mas o papel é mesmo assim.


Foram também participantes com qualidade homogénea outros cantores, incluindo Gwynne Howell, Elena Zilio, Jeremy White, Marie McLaughlin, David Kempster, Carlo Bosi e Rebecca Evans.








Um final em beleza de mais uma noite inesquecível na Royal Opera de Londres.

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Gianni Schicchi, Royal Opera House, London, February 2016

The opera Gianni Schicchi by G. Puccini completed Il Trittico. It was another fabulous staging of Richard Jones for an opera that I do not include in my favorites. But in a production like this, it is absolutely irresistible. Among all the comic operas I've seen so far, this staging was perhaps the best achieved. Again, everything on stage is makes sense and is funny. The clothes of the performers are also a must.

The house of the rich and dying Buoso Donati is lined with flowered wallpaper and is furnished in a "Latin" and messy style. His large family awaits his death that happens early on. The staging is very good and the moments of comedy happen continuously, without ever sliding into the vulgar. There are many truly hilarious situations, as the demand of the will, the doctor's visit, the writing of the new testament, the behavior of the children and their parents and the attitude of Gianni Schicchi.

Lucio Gallo, Italian baritone, was a very funny Gianni Schicchi. The voice was always very audible and tuned, and he managed to show the comic and cunning characteristics required. He was the best on stage.

Rinuccio was interpreted by Italian tenor Paolo Fanale. He was well on stage, but the voice was small and, in comparison with the other soloists, the difference was marked. Often he was submerged by the orchestra, and he sang always in effort the top notes, that were not beautiful.

Lauretta was interpreted by English soprano Susanna Hurrell. The voice is beautiful but identical to many others. She sang well the aria O mio babbino caro, one of the most beautiful written by Puccini, and it was it, but the character is just like that.

The other singers were also very good, including Gwynne Howell, Elena Zilio, Jeremy White, Marie McLaughlin, David Kempster, Carlo Bosi and Rebecca Evans.

A beautiful ending of another unforgettable evening at the Royal Opera in London.


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