quinta-feira, 11 de agosto de 2016

TENOR JONAS KAUFMANN ESTÁ ACIMA DOS MORTAIS



Crítica de Ali Hassan Ayache no blogue de Ópera e Ballet.

  Para comemorar os 35 anos de sua fundação o Mozarteum Brasileiro trouxe, pela primeira vez ao Brasil, um dos maiores tenores da atualidade, Jonas Kaufmann. Não faltam adjetivos para glorificar a voz e as interpretações do grande tenor alemão na crítica especializada. Posso afirmar, após assistir ao recital do dia 10 de Agosto na Sala São Paulo, que todos os comentários positivos estão corretos.

   Muitos reclamaram do programa, eu inclusive torço o nariz quando vejo apenas canções de compositores românticos. Sempre queremos árias de óperas. A voz de Kaufmann faz esquecer Toscas, Rigoletos e Carmens. Uma voz única, exclusiva e munida de uma técnica impecável foi apresentada com um timbre sublime. Homogenia em todos os registros, consegue ter agudos brilhantes, médios excelentes e graves consistentes. A invulgar beleza timbrica é aliada a uma projeção ímpar, onde todas as notas são emitidas com clareza exuberante. Sentado no balcão mezanino da Sala São Paulo parecia que o tenor cantava ao meu lado.

   O programa inicia com as belas canções de Schubert e Schumann. O ponto alto foram os "Três Sonetos de Petrarca" de Liszt e as canções de Strauss. Nelas o tenor exibiu toda a dramaticidade, lirismo e sentimentos expressos na música desses grandes compositores. Do alegre ao triste, do cômico ao dramático: Kaufmann passeia pelos sentimentos humanos com facilidade e velocidade espantosa. Faz o canto lírico complexo parecer fácil.

   O bis foi um espetáculo à parte, voltou cinco, alguns dizem seis vezes e mandou petardos operísticos como "Recondita Armonia" da ópera "Tosca" de Puccini e a grande ária da "Adriana Lecouvreur" de Cilea. Arriscou cantar em português a empolgou a todos. Um dos maiores tenores da atualidade se apresenta no Brasil no auge vocal e técnico. Kaufmann esta acima dos pobres tenores mortais, vive em outra dimensão, no olimpo dos cantores líricos.

Ali Hassan Ayache

5 comentários:

  1. Já valeram a pena os Olímpicos...

    Kaufmann é um fenómeno - de voz e de personalidade. Obrigado pelo relato.

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  2. Vi o Kaufmann em recital uma vez (talvez tenha sido o mesmo programa): foi uma loucura. De facto outra dimensão.

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  3. Eu estou de acordo com todo o que Ali escreveu,foi um concerto inesquecivel.Teve outro bis memoravel a arias de Cecilia de Refice Ombra de nube que ele cantou de modo memoravel.Um dos melhores recitais que eu vi na minha vida. Obrigada Mozarteum portrazer ele no seu apogeu.][

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  4. Foi um recital inesquecível e estou de acordo com as palavras de Ali.Teve outro bis memorável a aria da ópera Cecilia de Refice Ombra de Nube onde ele mostrou sua variedade de recursos vocais.Um dos melhores recitais que eu vi na minha vida

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