segunda-feira, 7 de novembro de 2016

IL BARBIERE DI SIVIGLIA, Royal Opera House, Londres / London, Setembro de / September 2016


(text in English below)

Na Royal Opera House de Londres tive oportunidade de rever esta produção de Moshe Leiser e Patrice Caurier de Il Barbirere di Siviglia, de G. Rossini, talvez a melhor encenação que vi da opera. É uma festa de cor, comicidade e bom gosto do início ao fim. Os adereços são de uma simplicidade genial, pouco mais há que uma árvore, uma cadeira, um cravo e um armário. Por todo o lado se abrem e fecham portas e janelas e tudo resulta na perfeição. Os trajos são intensamente coloridos. No início parte dos membros da orquestra aparecem subitamente em palco, em várias ocasiões os polícias narigudos e, no final do primeiro acto, o palco eleva-se e oscila até uma altura muito apreciável. Uma festa!



O jovem maestro hungaro Henrik Nánási dirigiu com muita elegância a orquestra. O coro esteve afinadíssimo.


Foi um espectáculo de luxo em que os cantores, para além de serem todos de qualidade superior, foram excelentes actores em palco.

O Fígaro foi o barítono italiano Vito Priante de voz poderosa e muito bonita, grande agilidade cénica e excelente figura. Começou de forma impressionante na aria Largo al factotum e assim se manteve até ao fim.



A mezzo argentina Daniela Mack foi uma Rosina expressiva de voz escura, potente e ágil, com uma coloratura invejável que logo exibiu na ária Una voce poco fa.



O Conde da Almaviva / Lindoro foi uma surpresa muito agradável para mim. Interpretado pelo tenor mexicano Javier Camarena, esteve ao nível de outros grandes intérpretes deste difícil papel. Foi particularmente impressionante no registo mais agudo, sempre afinado e, aparentemente, sem esforço. A coloratura foi magnífica e, no final, na ária Cessa di piu resistere ofereceu-nos um espectáculo invulgar de pirotecnia vocal.



O Don Bártolo foi, para mim, o melhor da noite. Grande sucesso do excelente barítono português José Fardilha, que já destaquei recentemente aqui. Há seguramente muitos “Don Bartolos” por aí, mas nenhum supera o José Fardilha! Fabuloso.



O baixo italiano Ferruccio Furlanetto foi, mais uma vez, o Don Basílio. Outra interpretação de topo, cénica e vocal, deste excelente cantor de voz gigante e cavernosa que sempre me impressiona quando o vejo.



A criada Berta foi interpretada pela soprano neozelandesa Madeleine Pierard que deixou uma excelente impressão na sua ária do 2º acto.



Enfim, a festa da ópera!!






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The Barber of Seville, Royal Opera House, London, September 2016

In the Royal Opera House in London I had the opportunity to review the production of Moshe Leiser and Patrice Caurier of Il Barbirere di Siviglia by G. Rossini, perhaps the best staging I saw of this opera. It is a colourful production, plenty of humour from start to finish. The props are of a genial simplicity, there is little else than a tree, a chair, a harpsichord and a closet. Everywhere doors and windows open and close and everything works perfectly. The costumes are intensely colored. At the beginning, some of the orchestra members suddenly appear on stage. On several occasions the policemen with large noses appear. At the end of the first act, the stage rises and oscillates to a very considerable height. A celebration!

Young Hungarian maestro Henrik Nánási directed the orchestra with elegance. The choir was in perfect tune.

It was a luxury performance in which singers, as well as being all of superior vocal quality were also excellent actors on stage.

Figaro was Italian baritone Vito Priante with a powerful and very beautiful voice, great stage agility, and excellent figure. he began impressively in the aria Largo al factotum and so he remained until the end.

Argentine mezzo Daniela Mack was Rosina with expressive powerful and agile dark voice, with stunning coloratura well exhibited in the aria Una voce poco fa.

The Count of Almaviva / Lindoro was a very pleasant surprise for me. Played by Mexican tenor Javier Camarena, he was at the level of other great interpreters of this difficult role. He was particularly impressive in the high register, always in tune and seemingly effortless. The coloratura was magnificent and, in the end, in the aria Cessa di piu resistere offered us an unusual show of vocal pyrotechnics.

Don Bartolo was, for me, the best of the night. Great success of the great Portuguese baritone José Fardilha. I have recently highlighted his performance here. There are certainly many "Don Bartolos" out there, but none surpasses Jose Fardilha! Fabulous.

Italian bass Ferruccio Furlanetto was, once again, Don Basilio. Another top interpretation, scenic and vocal, this excellent singer of giant cavernous voice that always amazes me when I hear him.

The maid Berta was interpreted by New Zealand soprano Madeleine Pierard that left a great impression on her aria from the 2nd act.

The opera celebration!!


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